31.10.08

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durante os anos 60, assistiu-se nos estados unidos a uma autêntica revolução cultural: os direitos civis, a emancipação progressiva da mulher, a tremenda influência dos beatles, a "flower power" e, acima de tudo, a revolução sexual: tudo podia ser experimentado, sentido, vivido. a nível do cinema, o filme que mais sofreu essa influência foi a obra de gerard damiano deep throat (em português garganta funda), que foi o filme que mais aproximou o cinema pornográfico das grandes audiências. foi feito numa altura onde a liberdade era um valor máximo a respeitar, em que as pessoas perguntavam: "se há liberdade neste país, porque é que eu não tenho o direito de ver dirty pictures?, em que se discutia, opinava, em que a pornografia era um fenómeno de moda: o perído chamado porno chic.

com o fenómeno do vídeo, porém, muitos dos realizadores de porno deixaram de acreditar na indústria porque achavam que o vídeo estava a massificar um género que, embora sujo, podia ser altamente criativo. era o chamado amor à arte (ou à carne por detrás da arte, digo eu). essa idade de ouro dos filmes pornográficos está bem representada no filme de paul thomas anderson, boogie nights, que constitui o grito de anjo da era clássica dos filmes para adultos (1). a partir daí, tudo começou a piorar.

no entanto, pode-se perguntar uma coisa: passados mais de trinta anos, o que realmente mudou no cinema para adultos? serão os filmes da era clássica realmente tão inovadores? no que toca a deep throat, acho que não. apesar de ter achado que tinha um argumento mais consistente do que os poucos que vi (pelo menos, os actores tentam representar), a premissa continua a ser a mesma: mostrar, mostrar, mostrar. saber se queria aproximar o cinema para adultos do mainstream é irrelevante: o filme continua a ser pornográfico. e ponto.

foi preciso haver uma virginie despentes, um nagisa oshima, uma catherine breillat para afastar o estigma dos filmes para adultos. mas esses eram diferentes: eram artistas e tinham uma visão diferente de encarar o cinema. ficou-nos, no entanto, de deep throat, a excelente música (uma espécie de mistura entre a banda sonora do shaft e sexo) e a polémica que causou.

se me perguntarem qual dos autores "sujos" que prefiro, respondo: John Waters!!!! Não é pornográfico, mas é um doido do caraças. Ah, e não esquecer a minha querida Rollergirl!!!!

jorge vicente

(1) paul thomas anderson realizou, entre outros filmes, magnolia, com phillip seymour hoffman e tom cruise. boogie nights tem como principais protagonistas Mark Wahlberg, Burt Reynolds e Heather Graham.



(imagem de multiple maniacs, de john waters. the freakiest sex scene in history!!!)

link de minutos iniciais de deep throat aqui

1 comentário:

Bandida disse...

ainda no sábado falei disto...