29.5.08

"blinded by blood" (ulver)



(fotografia de lola alvarez bravo, "baño en palenque", 1950)

"you are
from the heart
of it all

the light
from the love
in the night

the sight
from the white
in the eye

crying
from the inside
the fear

in the face
from the mother
the grace

the river
from the blood
of the world

you become
from the two
the thousands

my little one
from the earth
it all ends" (1)

ulver



(1) retirado do cd dos ulver, blood inside, 2005.


é interessante notar que os ulver, uma banda que, no início da sua caminhada, praticava o black metal, se transformou num dos projectos mais interessantes do metal. este álbum é um bom exemplo dessa transformação, com uma sonoridade bem próxima das aventuras do rock ultra-progressivo e do avant-garde. claro está que os seus antigos fãs bufaram de raiva, acusando-os de inaudibilidade.

mas, afinal, os rótulos existem para serem destruídos, não é?

jorge vicente

28.5.08

"mister sandman" (pat ballard)



(fotografia de lola alvarez bravo, "dormido (sleeping)", 1941)


"mr. sandman, bring me a dream
make him the cutest that I've ever seen
give him two lips like roses and clover
then tell him that his lonesome nights are over.

mr. sandman, I'm so alone
don't have nobody to call my own
please turn on your magic beam
mr. sandman, bring me a dream.

mr. sandman, bring me a dream
make him the cutest that I've ever seen
give him the word that I'm not a rover
then tell him that his lonesome nights are over.
mr. sandman, I'm so alone
don't have nobody to call my own
please turn on your magic beam
mr. sandman, bring me a dream.

mr. sandman bring us a dream
give him a pair of eyes with a "come-hither" gleam
give him a lonely heart like pagliacci
and lots of wavy hair like Liberace
mr sandman, someone to hold
would be so peachy before we're too old
so please turn on your magic beam
mr sandman, bring us, please, please, please
mr sandman, bring us a dream." (1)

the chordettes




(1) retirado do cd das chordettes, born to be with you (2002)

as chordettes foram um dos melhores grupos femininos dos anos 50, verdadeiras precursoras do fenómeno das girl groups, onde se destacam as supremes, shirelles, ronettes e tantas outras. "mister sandman" constitui o seu hino à posteridade.

nicolás guillén



(fotografia de juan carlos alom, "sombras que solo te veo", 2000)

"y bien, ahora os pregunto:
no veis estos tambores en mis ojos?
no veis estos tambores tensos y golpeados
con dos lágrimas secas?
yo soi también el nieto,
biznieto,
tataranieto de un esclavo.
(que se avergüence el amo.)" (1)

nicolás guillén




(1) retirado do CD dos folkloristas, nuestra américa negra, de 1980.

mais uma antologia em que entro (antologia amante das leituras 2). lançamento: 31 de maio

26.5.08

livrarias onde está o meu livro




livrarias onde poderão encontrar o meu livro ascensão do fogo:

lisboa:

livraria portugal. morada: rua do carmo, 70. o site aqui.

livraria barata. morada: avenida de roma, nº 11 A.


porto:

unicepe - cooperativa estudantes livreiros. morada: praça carlos alberto, 128 A.

poetria. morada: rua das oliveiras, 70.


coimbra:

livraria 115. morada: praça 8 de maio, 109. site aqui.

casa do castelo. morada: rua de sofia, 47/49.



braga:

centésima página. morada: avenida central, 118-120. site aqui.



guimarães:

centésima página. morada: rua dr. josé sampaio, 17-25.



évora:

livraria nazareth & filhos. morada: praça do giraldo, 46.



caldas da rainha:

livraria loja 107. morada: rua heróis da grande guerra, 107-109.



matosinhos:

livraria marques ribeiro. morada: rua brito capelo, 193.

livraia espacial. morada: avenida da república, 1088.



algueirão:

papelaria pinguim. morada: estrada do algueirão, nº 79 Loja A.



jorge vicente

20.5.08

his dark materials: the subtle knife (philip pullman)




estava já a arrumar as coisas aqui no escritório, a preparar-me para sair, quando reparei que não tinha feito o post sobre o último livro que li: his dark materials: the subtle knife, de philip pullman. este volume é o segundo de uma trilogia que se iniciou com northern lights, já referido neste blog (aqui) e é uma excelente obra de fantasia, recomendada a miúdos e graúdos, mas melhor compreendida pelos mais velhos, porque imbuída de conceitos altamente abstractos e filosóficos. de facto, o que a obra nos transmite é uma inversão dos valores tradicionais da igreja, em que o deus católico é o deus bem-amado, o deus que ama as suas criaturas e que deseja o bem último para toda a sua criação. na obra de pullman, a autoridade (que representa deus) é justamente o contrário: tirana, com a sua hierarquia de anjos, mantendo uma mentira ao longo dos milénios e engando a humanidade. percebe-se, contudo, que aquilo que pullman pretende confrontar não é a figura de deus em si, mas a imagem que a igreja nos transmitiu: o que fica do nosso livre-arbítrio, da nossa liberdade, da nossa capacidade de decisão? porque não a revolta? o conflito aberto?

em suma: é o regresso de lúcifer aos reinos da autoridade, com uma nova vontade, com um novo poder. com uma nova loucura, talvez? o resto fica para daqui a alguns meses, quando acabar o terceiro volume. até lá, vou acompanhar lyra e os seus amigos na demanda de lorde asriel, o novo lúcifer.

jorge vicente


p.s.

existe um filme baseado no 1º volume, com daniel craig e nicole kidman, mas o resultado é tão desanimador que dói. para efeitos comerciais, retiraramm boa parte da história, inclusivamente a parte final que, na minha opinião, é das mais importantes do livro.

"rooster" (jerry cantrell)



(fotografia de robert stivers, "staircase", 1999)

"ain't found a way to
kill me yet
eyes burn with stinging
sweat
seems every path leads me to
nowhere
wife and kids household pet
army green was no safe bet
the bullets scream to me from somewhere

here they come to
snuff the rooster
here comes the rooster
you know he ain't gonna die

walkin'tall machine gun man
they spit on me in my home land
gloria sent me pictures
of my boy
got my pills 'gainst
mosquito death
my buddy's breathin'
his dyin' breath
oh god please won't you help
me make it through" (1)

alice in chains




(1) retirado do cd dos alice in chains, dirt, de 1992.

19.5.08

mais fotos do lançamento no algueirão



(os autores)



(a plateia)



(novamente os autores)

(fotos tiradas por Ana Vicente)

allan kardec e o livro dos espíritos



(allan kardec)

creio que a primeira vez que o espiritismo bateu à minha porta deve ter sido algures no liceu, quando assistia a sessões de cinema da meia-noite, aquelas sessões lendárias em que cada filme transmitido era realmente noctívago. o terror, a ficção científica, a acção, o erótico. e não as sessões de hoje, onde filmes aparentemente mainstream e de qualidade são relegados para as duas ou três da manhã.

a segunda vez, lembro-me bem, foi alguns anos depois, já na faculdade. num documentário transmitido pela rtp 2, apresentavam-se os principais pontos da doutrina espírita, porque razão milhares e milhares de pessoas professavam essa doutrina, porque razão era verdadeira, no entender dos seus seguidores. despertou-me um pouco a curiosidade ao ponto de vasculhar na biblioteca um livro ou dois que contivessem explicações do espiritismo. o único que encontrei associava o espiritismo a práticas demoníacas e ao ressurgimento do diabo na terra. nada de relevante, portanto.

porém, foi só em 2001, quando fiz um pequeno curso de conscienciologia e projecciologia pelo iipc (instituto internacional de projeciologia e conscienciologia - organização que estuda de modo experimental as experiêncis fora do corpo) que me apercebi mais claramente do que significava (ou teria significado) o espiritismo. apercebi-me da figura tutelar de allan kardec, cuja campa já tinha visitado, anos antes, em paris no cemitério de pêre lachaise, um dos mais belos cemitérios de toda a europa e que contém, entre outros vultos, o de balzac, chopin, jim morrison e o próprio allan kardec.

contudo, apesar da proposta espírita estar bem presente no instituto, a sua missão consistia em aprofundar as ligações existentes entre espiritualidade (se é que posso chamar espiritualidade ao que eles fazem!) e ciência. esse é, aliás, um dos pontos em que eles são mais criticados porque retiram o maravilhoso e o subjectivo a todo o fenómeno parapsicológico e acrescentam-lhe o lado científico, o lado da pesquisa laboratorial, o lado do experimento.

agora, há pouco tempo, decidi-me a ler (finalmente!) o livro dos espíritos, de kardec. foi muito interessante, embora ache que o livro está incrivelmente datado em certos pontos, necessitando de algumas revisões, que foram feitas, disseram-me por chico xavier, o espírita mais voluntarioso e fantástico do século XX. kardec ainda está absorvido pelas ideias veiculadas pela igreja católica, cristo continua a ser o cristo, a verdade continua a ser a boa nova, todos os valores católicos, que fizeram tanto bem à civilização porque a humanizaram, mas que também fizeram mal porque criaram na mentalidade do homem a ideia de que ele era pequeno, minúsculo e desgraçado, estão lá. mas, convenhamos, o livro foi escrito no final do século xix, nem os espíritos poderiam supôr que hoje estivéssemos numa época importante da história, em que a física quântica pretende explicar o mundo e a consciência, sem saber muito bem para onde vai, mas sabendo que o caminho é tortuoso e pode levar a uma relação mais proveitosa entre ciência e espiritualidade.

o livro dos espíritos é (foi) um início. hoje, sabemos mais. estudamos mais. desaprendemos mais, também. porque temos a tendência para inventar novos deuses (os livros de rodrigo romo e vitorino de sousa são um belo exemplo) e a pensar que o segredo é o melhor livro do mundo. hoje, o homem não pode ser pequeno nem pode querer ser pequeno. a humildade nunca poderá ser a melhor das virtudes, apesar de ser importante nas doses certas. a simplicidade, sim. o dom de ser simples, de não ser o dono da verdade, de amar e ser amado.o dom do abraço.

um dos pontos positivos d'o livro dos espíritos e do espiritismo é que é uma doutrina altamente consoladora, muito mais do que o catolicismo puro e duro. como os espíritas acreditam na reencarnação, todos os actos são vistos como actos para uma vida futura. aquilo que semeamos hoje colheremos amanhã. bastante diferente do catolicismo, em que a pessoa ou ia para o céu ou para o inferno. ou tinha de sofrer um bom bocado no purgatório. também diferente, igualmente, da reencarnação budista porque, segundo o budismo tradicional, se um tipo se portar mal, na próxima vida pode ser um cão. no espiritismo, só pode haver evolução ou permanecer tudo na mesma. o retrocesso não é possível porque contrário às leis da natureza.

e aqui ficamos. o livro está à venda nas fnacs. podem não acreditar, mas convém sempre conhecer a obra de kardec, aquilo que ele deixou, aquilo que ele pode semear.

jorge vicente

"viva el polisario" (zahim alal / nayim alal)



(campo de refugiados de smara, na argélia, com cerca de 40.000 sahrawi que fugiram do sahara ocidental, por não concordarem com a ocupação marroquina).

"i see the dust of the explosions rising, in the last hours of the night, as the stars can still be seen in the sky. i can see the aftermath of the artillery fire, the spoils of war, the weapons, the front-lines that are ours now. the tracer path of the missiles mark the path of the brave" (1)






(1) canção de guerra da frente polisario que, em 1973, defendia a independência do sahara ocidental em relação a espanha. o país ainda se mantém ocupado por marrocos. retirado do cd sahrauis: the music of the western sahara, de 1999.

"el sahara es un tesoro" (trad/arr: nayim al, ali mohamed)



(quadro de malcolm morley, "camel", 1982)

"the eye cries inconsolably and the heart opens up. the sahara is a treasure. sahara, your legions promise to liberate you with warlike force. blood will flow again, as long as any drop remains. oh motherland, the people are gathering in great masses. thanks to the heroes who have fallen in great numbers, you are a treasure" (1)

traditional sahraouian song




(1) retirado do cd sahrauis: the music of the western sahara, de 1999.

women 2



(quadro de sebastian blanck, "ev on the day bead", 2007)

"on the day that we achieve peace, it will be peace for the women of the whole of the maghreb, for african women, for all women. we have the possibility to meet and, being so close together, exchange experiences. we shall bring all this knowledge everywhere like a light that brightens the darkness. we will carry it anywhere in the world where women are oppressed, even if it's only one woman" (1)

selma boulahi






(1)retirado do cd sahrauis: the music of the western sahara, de 1999.

women



(estátua de tim hailand, "queen victoria", 2006)

"the degree of civilization of a nation can be judged by the social position of the women" (1)

domingo sarmiento




(1) retirado do cd sahrauis: the music of the western sahara, de 1999.

18.5.08

apresentação de jorge vicente e josé gil (ascenção do fogo e fractura possível): feira do livro do algueirão 17 Maio 2008

amigos,
foi mais um grande lançamento aquele em que participámos todos ontem. estiveram muitos amigos presentes, algumas pessoas que eu desconhecia. alguns livros foram vendidos, outros ainda estão à procura de quem os ame para poderem saborear as páginas e os poemas.

dos poetas, estiveram presentes o josé félix (que apresentou os livros), o constantino alves, o gonçalo bruno de sousa e o joaquim evónio, que é o autor das fotografias. foi muito bom. espero que momentos destes se repitam sempre e que a partilha da poesia seja mais do que leitura de poemas. deve ser, isso sim, leitura de mundos, de almas, de verbos, de mundivivências.

obrigado a todos
jorge vicente



(josé félix lendo um poema de josé gil)



(José Félix, José Gil e Jorge Vicente)



(a assistência)



(Jorge Vicente e José Gil)



(mais fotos da assistência)



(as meninas)



(outra vez Jorge Vicente, José Gil e José Félix)

todas as fotografias são da autoria de joaquim evónio de vasconcelos.

16.5.08

the sahara



(fotografia de roberta bondar, "dune shadow", 2003)

"the sahara is allah's own garden, where he banned all superflous human and animal life, that there is a place, where he can walk in peace" (1)

(old sahraouian proverb)



(1) retirado do cd sahrauis: the music of the western sahara, de 1999.

"colors" (pharoah sanders / leon thomas)



(quadro de dara aram, "dancers in green & white", 2007)

"mother nature seems to love us so
when she smiles there is a subtle glow
and with tears of joy, the happiness flows
i see red and orange and purple
yellow and blue and green

people say that life is misery
but in him there is no mystery
so he sends to us his rainbow of love
i see red and orange and purple
yellow and blue and green

without him there is no harmony" (1)

pharoah sanders





(1) retirado do cd de pharoah sanders, karma, de 1969.

15.5.08

charlot et le surrealisme



(charlie chaplin em tempos modernos)

"dans le personnage de charlot se retrouvent les ressorts essentiels de la protestation surréaliste contre le monde et de sa recréation, l'humour et l'amour" (1)

marguerite bonnet




(1) BONNET, Marguerite - SIPAT, Sébastian - L'incursion surréaliste au cinéma [Em Linha] [Consult. 16 Mai. 2008 0.01]. Disponível em http://www.webbynerd.com/artifice/dossierarchives/18.htm.

surrealismo (mais uma vez)



(quadro de jacques baron, "ete", 1925)


"le surréalisme est envisagé par ses fondateurs non comme une nouvelle école artistique, mais comme un moyen de connaissance, en particulier de continents qui n'avaient pas été systématiquement explorés: l'inconscient, le merveilleux, le rêve, la folie, les états hallucinatoires, en bref, l'envers du décor logique" (1)

maurice nadeau



(1) NADEAU, Maurice apud SIPAT, Sébastian - L'incursion surréaliste au cinéma [Em Linha] [Consult. 15 Mai. 2008 11.37]. Disponível em http://www.webbynerd.com/artifice/dossierarchives/18.htm.

surrealismo



(quadro de robert desnos, "untitled")


"surréalisme : n.m. automatisme psychique pur par lequel on se propose d'exprimer, soit verbalement, soit par écrit, soit de toute autre manière, le fonctionnement réel de la pensée. dictée de la pensée, en absence de tout contrôle exercé par la raison, en dehors de toute préoccupation esthétique ou morale" (1)

andré breton





(1) BRETON, André apud SIPAT, Sébastian - L'incursion surréaliste au cinéma [Em Linha] [Consult. 15 Mai. 2008 11.37]. Disponível em http://www.webbynerd.com/artifice/dossierarchives/18.htm.

13.5.08

lançamento do livro ascensão do fogo (jorge vicente) e fractura possível (josé gil) na feira do livro do algueirão (17 de maio)





amigos,

no próximo sábado, dia 17 de maio, pelas 17.00, estarei presente na Iª feira do livro do algueirão, para proceder ao lançamento do meu primeiro livro de poesia, ascensão do fogo. conjuntamente comigo, estará presente o poeta e actor josé gil, que irá também lançar o seu primeiro livro de poesia: fractura possível.

a apresentação estará a cargo de josé félix.

o local é o seguinte:

papelaria pinguim,
estrada do algueirão, nº 79 LJ A

apareçam!

jorge vicente

12.5.08

"mother's little helper" (mick jagger / keith richards)



(imagem de requiem for a dream, de darren aronofsky)

"what a drag it is getting old.

«kids are different today,»
i hear ev'ry mother say
mother needs something today to calm her down
and though she's not really ill
there's a little yellow pill
she goes running for the shelter of a mother's little helper
and it helps her on her way, gets her through her busy day.

«Things are different today,"
I hear ev'ry mother say
Cooking fresh food for a husband's just a drag
So she buys an instant cake and she burns her frozen steak
And goes running for the shelter of a mother's little helper
And two help her on her way, get her through her busy day.

Doctor, please, some more of these
Outside the door, she took four more
What a drag it is getting old.

"Men just aren't the same today,»
i hear ev'ry mother say
they just don't appreciate that you get tired
they're so hard to satisfy. You can tranquilise your mind
so go running for the shelter of a mother's little helper
and four help you through the night, help to minimise yourplight.

doctor,plese, some more of these
outside the door, she took four more
what a drag it is getting old.

«life's just much too hard today,»
i hear ev'ry mother say
the pursuit of happiness just seems a bore
and if you take more of those, you will get an overdose
no more running to the shelter of a mother's little helper
they just helped you on your way through your busy dying day" (1)

the rolling stones



(1) retirado do cd, flowers, de 1967.

9.5.08

"canção do semeador" (miguel torga)



(fotografia de judy dater, "self-portrait with stone", 1981)

"Na terra negra da vida,
Pousio do desespero,
É que o Poeta semeia
Poemas de confiança.
O Poeta é uma criança
Que devaneia.

Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a semente." (1)

miguel torga



(1) TORGA, Miguel - Canção do semeador. O Gorgulho. Boletim Agrícolo sobre Biodiversidade Agrícola. Lisboa. Ano 4, nº 8 (Inverno de 2008), p. 19.

lançamento do livro o ciclo menstrual da noite, de alice macedo campos




amigos,

eu sou mesmo um descuidado. esqueci-me de vos avisar que amanhã (já é amanhã!) pelas 16.00, na casa-museu abel salazar, a minha amiga alice macedo campos vai lançar o seu primeiro livro a solo, sob a chancela da edium editores. estarei presente, claro, e estarei na primeira fila para ouvir os seus poemas, para lê-los, para partilhá-los com os meus amigos,

para saborear de que noite é feita a sua poesia.

não tenho as palavras do xavier nem a capacidade crítica de muitos poetas da praça, mas tenho a emoção o suficiente para dizer que esta poesia é das melhores e mais originais que se faz em portugal.

um abraço a todos
jorge vicente

8.5.08

"never mind" (harlan howard)



(fotografia de horace bristol, "tom joad" da série de fotografias grapes of wrath, 1938)

"you say you're heading out to California
you've heard the grapes are falling from the vines
i was hoping you might have the urge to write me
but, I don't believe you will so never mind

i was talkin' to a man down at Genesco
he said they might be hiring anytime
i'm so tirde of going anyway the wind blows
and I though that me and you but never mind

Chorus
never mind never mind
i'm just talkin' through the wine
and you know that drinkin' always makes me sad
but before this night is through I better say I love you
or I'm gonna always wish that I had

i first saw you pickin' oranges in Orlando
all day you kept your ladder close to mine
we froze in Georgia burned up in Chicago
and I always thought that we but never mind

did you know today my baby called you daddy?
sometimes I've wished that she was yours and mine
i could call my brother Milt in Cincinnati
and ask him for a loan but never mind" (1)

nanci griffith





(1) retirado do cd de nanci griffith, little love affairs, de 1988.

6.5.08

"across the universe" (john lennon / paul mcCartney)



(fotografia de mona kuhn, "phillip", 2000)

"words are flowing out like endless rain into a paper cup,
they slither while they pass, they slip away across the universe
pools of sorrow, waves of joy are drifting through my open mind,
possessing and caressing me.

jai guru deva om
nothing's gonna change my world,
nothing's gonna change my world.

images of broken light which dance before me like a million eyes,
they call me on and on across the universe,
thoughts meander like a restless wind inside a letter box they
tumble blindly as they make their way
across the universe

jai guru deva om
nothing's gonna change my world,
nothing's gonna change my world.

sounds of laughter shades of earth are ringing
through my open views inciting and inviting me
limitless undying love which shines around me like a million suns, it calls me on and on
across the universe

jai guru deva om
nothing's gonna change my world,
nothing's gonna change my world." (1)

the beatles





(1) retirado do cd dos beatles, past masters volume two, de 1988.

um desafio e uma bicicleta



(fotografia de mona kuhn, "birger", 1998)

a maria desafiou-me para um jogo. passo-o a toda a gente que me visita.

família: o meu pai, a mãe, a casa, as memórias, os amigos;

homem: adão;
mulher: eva;
sorriso: o sorriso de cléopatra quando marco antónio abandonou roma
e abraçou as águas do nilo;

perfume: o jardim perfumado; o oriente;

carro: a grande estrada americana: o cadillac;

paixão: o poema;

amor: a bela rapariga do líbano que ofereceu o seu corpo ao filho de jacob; o cântico dos cânticos; a morada dos corpos;

olhos: verdes, da cor da relva;

sal: vós sois o sal da terra;

chuva: bate a chuva levemente, como se o poema fosse água;

mar: portugal todo: a gesta dos descobrimentos;

livro: ascensão do fogo;

filmes: l'atalante: ou o mundo de pére jules nas margens do sena;

músicas: ouvi cantar os blues nos meus acordes de palavras;

flor: violeta, porque é da cor de deus;

sonhos: aqueles que eu entro e onde me dispo de mim;

cidade: a cidade à beira-mar onde o tejo desagua de mim;

país: o de nun'álvares;

não viver sem: palavras;

nunca deixar de ser: pétala;

qualidades: as virtudes cardeais;

defeitos: os sete pecados mortais;

detestas: l'enfer;

pessoa: ò sino da minha aldeia, repousa sobre o meu peito silente e adormece das minhas águas.



para além disso, a maria também me ofereceu esta bicicleta. querem andar nela? podem passá-la a quem quiserem.






jorge vicente

4.5.08

novamente allan kardec



(quadro de charline von heyl, "untitled", 2007)

"pode-se assim dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. o purgatório, achamo-lo na encarnação, nas vidas corporais ou físicas" (1)

allan kardec




(1)KARDEC, Allan - O livro dos espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 534.

ressurreição vs. reencarnação, segundo allan kardec



(quadro de andrea bowers, "excerpts from the aids memorial quilt (block 5600)", 2007)

"efectivamente, a ciência demonstra a impossibilidade da ressurreição, segundo a ideia vulgar. se os despojos do corpo humano se conservassem homogêneos e reduzidos a pó, ainda se conceberia que pudessem reunir-se em dado momento. as coisas, porém, não se passam assim. o corpo é formado de elementos diversos: oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono, etc. pela decomposição, esses elementos se dispersam, mas para servir à formação de novos corpos, de tal sorte que uma mesma molécula, de carbono, por exemplo, terá entrado na composição de muitos milhares de corpos diferentes (falamos unicamente dos corpos humanos sem ter em conta os dos animais); que um indivíduo tem talvez em seu corpo moléculas que já pertenceram a homens das primitivas idades do mundo; que essas mesmas moléculas orgânicas que absorveis nos alimentos provêm, possivelmente, do corpo de tal outro indivíduo que conhecestes e assim por diante. existindo em quantidade definida a matéria e sendo indefinidas as suas combinações, como poderia cada um daqueles corpos reconstituir-se com os mesmos elementos? há aí impossibilidade material. racionalmente, pois, não se pode admitir a ressurreição da carne, senão como uma figura simbólica do fenômeno da reencarnação. e, então, nada mais há que aberre da razão, que esteja em contradição com os dados da ciência" (1)

allan kardec




(1) KARDEC, Allan - O livro dos espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 529, 530.



para quem não acredita...

a ideia do inferno, segundo allan kardec



(quadro de wangechi mutu, "howl", 2006)

"demais, a doutrina do fogo material, das fornalhas e das torturas, tomadas ao tártaro do paganismo, está hoje completamente abandonada pela alta teologia e só nas escolas esses aterradores quadros alegóricos ainda são apresentados como verdades positivas, por alguns homens mais zelosos do que instruídos, que assim cometem grave erro, porquanto as imaginações juvenis, libertando-se dos terrores, poderão ir aumentar o número dos incrédulos. a teologia reconhece hoje que a palavra fogo é usada figuradamente e que se deve entender como significando fogo moral" (1)

allan kardec




(1) KARDEC, Allan - O livro dos espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 528.


já não era sem tempo... nós não precisamos de fogo eterno, nem eternas condenações. precisamos de responsabilidade individual pelos nossos actos.

3.5.08

l'enfer spiritiste



(quadro de lynn haxton, "echoing the dark", 1988)

"a ideia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, isto é, perdoável num século de ferro; porém, no século dezanove, não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer. se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social" (1)

são paulo




(1)PAULO, Santo apud KARDEC, Allan - O livro dos espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 525.

2.5.08

eternidade das penas



(quadro de sueo serisawa, "the demon", 1956)

"guerras de palavras! guerras de palavras! ainda não basta o sangue que tendes feito correr! será ainda preciso que se reacendam as fogueiras? discutem sobre palavras: eternidade das penas, eternidade dos castigos. ignorais então que o que hoje entendeis por eternidade não é o que os antigos entendiam e designavam por esse termo? consulte o teólogo as fontes e lá descobrirá, como todos vós, que o texto hebreu não atribuía esta significação ao vocábulo que os gregos, os latinos e os modernos traduziram por pena sem fim, irremisssíveis. eternidade dos castigos corresponde à eternidade do mal. sim, enquanto existir o mal entre os homens, os castigos subsistirão. importa que os textos sagrados se interpretem no sentido relativo. a eternidade das penas é, pois, relativa e não absoluta. chegue o dia em que todos os homens, pelo arrependimento, se revistam da túnica da inocência e desde esse dia deixará de haver gemidos e ranger de dentes. limitada tendes, é certo, a vossa razão humana, porém, tal como a tendes, ela é uma dádiva de Deus e, com o auxílio dessa razão, nenhum homem de boa-fé haverá que de outra forma compreenda a eternidade dos castigos. pois que! fora necessário admitir-se por eterno o mal. somente deus é eterno e não poderia ter criado o mal eterno; do contrário, forçoso seria tirar-se-lhe o mais magnífico dos seus atributos: o soberano poder, porquanto não é soberanamento poderoso aquele que cria um elemento destruidor de suas obras. humanidade! humanidade! não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da terra, procurando aí os castigos. chora, espera, expia e refugia-te na ideia de um deus intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo." (1)

platão



(1) PLATÃO apud KARDEC, Allan - O livro dos espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 524.